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A motivação dos servidores públicos possui fatores próprios

24 de junho de 2014

Não se pode imaginar (como muitos fazem), que o servidor público é obrigado a estar sempre motivado, uma vez que recebe seus salários dos cofres públicos. O Funcionário público é um ser humano, é óbvio. A complexidade da natureza humana exige da chefia uma verdadeira arte para manter seus subordinados motivados.

Fatores Desagregadores para administração de servidores públicos são aqueles que traduzem situações que de per si conduzem o servidor naturalmente a uma apatia, a uma inércia. Como diriam os físicos, um corpo em movimento que devido ao atrito tende a parar. Por outro lado esse mesmo corpo pode ser levado de seu estado inerte a ganhar velocidade. Assim, com um pequeno auxílio da física podemos perceber que há necessidade de uma atuação externa para que o servidor não pare (metaforicamente falando).

Ainda que de forma breve e limitada seja possível apontar a estabilidade no serviço público, a falta de estímulos para crescimento na carreira, a pouca atratividade dos cargos de chefia,”o mais grave” – a impossibilidade dos chefes (no serviço público) oferecerem benefícios aos que se destacam. Embora haja instrumentos previstos na lei capazes de munir os chefes de instrumentos punitivos, processos administrativos, afastamentos de um determinado setor (e não do serviço público) tais instrumentos se mostram na prática ineficazes e altamente desagregadores, trazendo na maioria das vezes, mais prejuízos que benefícios ao serviço. Por outro lado, não há previsão legal para conferir benefícios aos que se destacam, que produzem mais e melhor.

A nova era jurídica inaugurada com uma série de decisões do Supremo Tribunal Federal, que alguns juristas de destaque vem denominando de Ativismo Judicial é um sinal de abertura para valorizar mais o Princípio da Eficiência que uma visão limitada e impeditiva que em tudo vê impedimentos legais e tolhe o administrador na possibilidade de valorizar os melhores servidores públicos. Há também aqueles gestores que pretendem ignorar os direitos e benefícios dos servidores. Fatores que colocam os servidores em estado de insatisfação.

A atuação do chefe pode motivar os servidores ou desencadear uma sequência de eventos capazes de minar sua chefia trazendo prejuízos absurdos ao serviço público.

Uma chefia, gerenciamento, supervisão, liderança ou outro nome que se queira conferir, exige determinados talentos que se não forem natos podem ser adquiridos. Para isso é necessária a dedicação, estudo e boa dose perseverança.

O chefe precisa ser antes de tudo um líder.  Já disseram que liderar é a arte de fazer os outros fazerem o que você quer, querendo.“Bons lideres fazem as pessoas sentir que elas estão no centro das coisas, e não na periferia. Cada um sente que ele ou ela faz a diferença para o sucesso da organização. Quando isso acontece, as pessoas se sentem centradas e isso dá sentido ao seu trabalho.” (Warren Bennis)

Assim, diríamos que saber lidar de forma diferenciada com cada servidor é fator essencial. Entender que ninguém é perfeito, que ninguém é ruim em tudo e que ninguém é bom em tudo, constitui um raciocínio essencial ao bom administrador. Encontrar a tarefa que o servidor melhor se adapta é uma verdadeira arte que precisa ser exercida.

Saber ouvir. Com o passar dos anos observamos que as melhores idéias nem sempre vem do chefe, ou do mais inteligente ou mais graduado. Muitos servidores de baixos escalões já forneceram idéias excelentes que ninguém tinha pensado antes. Por isso, é preciso saber ouvir. É necessário exercitar a paciência e estar disposto escutar; olhar nos olhos, parar de folhear documentos ou processos; ficar mais atento à tela do computador do que ao seu interlocutor é altamente desmotivador. Ao encerrar o assunto o funcionário poderá ter a impressão que “falou com as paredes”.

“Valor é o que é preciso para levantar e falar, mas também o que é necessário para sentar e escutar.” (Winston Churchill)

Fonte:Paulo Jorge Lellis Villanova/Diretor – Vara Federal de Três Rios (SJRJ)